É POSSÍVEL REMOVER PILARES?

Introdução

A remoção de pilar em edificações existentes é uma das intervenções estruturais mais sensíveis que um engenheiro pode realizar. Com o crescimento da demanda por ampliações e reformas em ambientes residenciais e comerciais, surgem situações em que a retirada de um elemento estrutural parece ser a solução ideal para ganhar espaço. Mas, afinal, é possível remover pilares sem comprometer a estrutura da edificação? Sim, desde que com avaliação técnica criteriosa e reforços estruturais adequados.

Neste artigo, você entenderá:

  • Quando é tecnicamente viável remover pilares
  • Como é feito o cálculo de redistribuição de cargas
  • Quais são os riscos e responsabilidades
  • Um estudo de caso real com reforço por encamisamento e novas fundações
  • As normas que regulamentam esse tipo de intervenção

Pilares

Quando é viável remover pilares

A remoção de um pilar pode ser considerada viável quando:

  • Existe redistribuição segura das cargas para outros elementos estruturais
  • Há possibilidade de reforçar vigas ou criar novos elementos (vigas de transferência, pilares, escoramentos)
  • A intervenção é projetada por engenheiro civil com experiência em estruturas
  • A estabilidade global da estrutura é garantida

Ao avaliar se é possível remover pilares, deve-se considerar não apenas a resistência dos elementos, mas também os deslocamentos e os efeitos de segunda ordem. Muitas vezes, a remoção de um pilar requer a criação de um novo sistema resistente para compensar a perda do apoio original.

PILAR

Redistribuição de cargas: o papel do cálculo estrutural

O cálculo estrutural é indispensável para determinar como as cargas serão redistribuídas após a remoção do pilar. O engenheiro precisa considerar:

  • Cargas permanentes (peso próprio, alvenarias, revestimentos)
  • Cargas variáveis (pessoas, mobiliário, vento, etc.)
  • Capacidade das vigas existentes e da laje
  • Necessidade de reforço nos apoios laterais ou nas fundações

Ao verificar se é possível remover pilares, o engenheiro deve simular a nova distribuição de esforços e garantir que não haverá sobrecarga nos elementos remanescentes. Softwares como TQS, Eberick ou SAP2000 podem ser utilizados para modelagem da estrutura e simulação das novas condições de carregamento.

calculo

Riscos e responsabilidades técnicas

Executar uma intervenção sem projeto e sem análise pode comprometer a segurança da edificação, causar recalques, fissuras, trincas e até colapsos. Além disso, o profissional responsável deve registrar ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) no CREA, garantindo a legalidade e rastreabilidade do serviço.

Portanto, antes de decidir se é possível remover pilares, é imprescindível que o processo seja conduzido por engenheiro habilitado, com responsabilidade civil e criminal sobre a obra.

Engenheiro

Caso prático: remoção de pilar para ampliação de sala

Em uma residência de dois pavimentos, o proprietário desejava integrar dois ambientes e ampliar a sala. Para isso, foi proposta a remoção de um pilar central, o que exigiu solução técnica cuidadosa.

O engenheiro realizou inspeção estrutural e cálculo completo da nova configuração, e optou por:

  • Encamisamento da viga de apoio acima do pilar removido, aumentando sua seção e capacidade resistente
  • Criação de dois novos pilares nas extremidades da viga
  • Execução de novas fundações profundas para suportar os novos apoios

Neste caso, ficou tecnicamente comprovado que era possível remover pilares com segurança, desde que adotadas medidas de reforço adequadas e executadas sob supervisão técnica.

Toda a intervenção foi executada com escoramento, acompanhamento técnico e posterior liberação após ensaios de carga e verificações in loco.

PILAR

Técnicas de reforço de vigas

Quando se avalia se é possível remover pilares, muitas vezes é necessário reforçar as vigas que passarão a suportar cargas adicionais. As principais técnicas incluem:

  • Encamisamento com concreto armado: aumento da seção da viga com adição de armaduras e concreto novo.
  • Perfis ou chapas metálicas: aplicação de chapas de aço ou perfis em U para reforço, fixados com chumbadores químicos ou solda.
  • Fibra de carbono (FRP): aplicação de mantas coladas com resina epóxi, muito eficaz para reforço à flexão e cisalhamento.
  • Protensão externa: uso de cabos ativos aplicando forças contrárias aos momentos fletores.
  • Vigas auxiliares: adição de novas vigas paralelas ou perpendiculares para redistribuição das cargas.
  • Concreto projetado (shotcrete): técnica de aplicação de concreto sob pressão, muito usada em reforços com difícil acesso.

A escolha da técnica depende do espaço disponível, carga adicional, condições da estrutura existente e viabilidade econômica.

REFORÇO

Materiais utilizados no reforço de vigas

A escolha dos materiais adequados é fundamental para o sucesso do reforço estrutural de vigas. A seguir, os principais materiais utilizados nessas intervenções:

  • Concreto estrutural: utilizado no encamisamento ou no concreto projetado (shotcrete), deve ter resistência compatível ou superior à do concreto original.
  • Aço CA-50 ou CA-60: barras longitudinais e estribos usados como armadura complementar, fornecendo resistência adicional à tração e cisalhamento.
  • Perfis metálicos laminados: perfis em U, I ou cantoneiras, fixados externamente para aumentar a rigidez e resistência da viga.
  • Chapas de aço carbono: aplicadas externamente, geralmente coladas ou parafusadas, reforçam regiões tracionadas ou cisalhadas.
  • Compósitos de fibra de carbono (CFRP): leves, altamente resistentes, aplicados como mantas ou lâminas com resina epóxi, ideais para reforço à flexão e cisalhamento.
  • Resinas epóxi e adesivos estruturais: garantem aderência entre os elementos de reforço (metálicos ou em fibra) e o concreto existente.
  • Chumbadores químicos: utilizados para ancoragem de novos elementos (armaduras, perfis ou chapas) no concreto existente.
  • Cabos de protensão: empregados em sistemas de protensão externa para aplicar forças ativas contrárias aos esforços permanentes.

A seleção e combinação desses materiais depende do tipo de solicitação, limitações de espaço, estado da estrutura existente e durabilidade esperada da intervenção.

REFORÇO

Normas técnicas aplicáveis

  • ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto
  • ABNT NBR 8681:2003 – Ações e segurança nas estruturas
  • ABNT NBR 14931:2004 – Execução de estruturas de concreto
  • ABNT NBR 5674:2012 – Manutenção de edificações

Essas normas servem de base para o dimensionamento, segurança e execução das intervenções em estruturas existentes, e devem sempre ser consultadas antes de qualquer decisão sobre se é possível remover pilares em um projeto.

ABNT

Conclusão

Remover um pilar é uma decisão que exige conhecimento técnico, planejamento e responsabilidade. Não se trata apenas de uma questão arquitetônica, mas de uma intervenção estrutural com riscos reais. Quando projetada e executada por profissionais qualificados, é possível sim transformar espaços com segurança e conformidade.

Se você deseja realizar uma reforma e se pergunta se é possível remover pilares no seu imóvel, consulte um engenheiro estrutural especializado. A segurança da sua edificação deve estar sempre em primeiro lugar.

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